Porque me olhas assim

Porque me olhas assim, de viés?
Não vês que estou abafando?
Que já não posso mais não saber quem és,
esta dúvida que a vida me impõe será até quando?

Sinto que não sou tão forte assim,
que possa viver triste, ou tão só.
São muitos os anos em que carrego este fardo em mim,
esta insatisfação insuportável, mete dó.

É um querer viver, amando com intensidade.
Agora que penso ter encontrado parceria,
alguém que sente como eu esta verdade:
ser apaixonado do viver, e deste querer em que se alia.

Tenho a paixão na alma me sorrindo,
vejo a vida em cores fortes,
são sentimentos como vulcões se abrindo,
em lavas rubras, neste partilhar de puras sortes.

Sinto como, uma necessidade vital,
de vida, sonho, ou harmonia,
sem esquecer-me de que sou real.
Não me olhes, como se eu fosse da vida a mestria.

Sou apenas alguém, talvez uma aberração,
que deseja sentir a vida correndo nas veias,
sem reservas, a saborear com sofreguidão.
Porque me olhas assim, com todas essas peias?

Se não podes entender-me com facilidade,
deixa-me ao menos sonhar contigo,
com esses braços quentes, ou na felicidade,
que seria abraçares-me e adormeceres comigo.