Os teus beijos

Os teus beijos mais incendiados, eram loucos,
porque sabiam a sonhos p’la noite além.
Na altura, nem me pareciam poucos,
quando os tinha…nem ligava, se sabiam bem.

Amavas-me e eu nem percebia então o feito,
eram tantos os mimos, desejos, perspectivas.
Hoje eu sei, que o amor, brotava desse peito
e eu teimoso, só pensava nas palavras ofensivas.

Hoje que queria se reacendesse aquele fogo,
porque não o tendo, reconheço agora e o rogo,
se for possível aos Deuses se voltarem pra nós.

Aceito-te tal qual és, mesmo com esse ciúme,
que viver assim, nesta agonia perco o aprume.
Nem eu, nem tu, estamos bem, assim tão sós.

É que essas mãos quentes, brancas e puras,
mãos de fada, de destreza, mãos queridas...
sonhos que eu troquei, por razões tão subvertidas,
se em cada gesto tinham impulsos de ternuras.

E esse olhar tão doce... olhar tão afectuoso.
Fui louco, eu sei-o agora, mas volto atrás…
repensei tudo aquilo que quero ou me apraz.
Agora enxergo, p’las amarguras, quão era ditoso.

Estúpido, a pensar em duas, se era tão evidente,
uma eu tinha nos meus braços, e me adorava
E a outra, uma miragem, que apenas me turvava.

Foi preciso sentir o amargo da falta dessa boca,
pra reconhecer que assim a minha vida é louca.
Sem ti… sem nós…será que ainda sou gente?

Sinto que não é tarde e voltar pode ser loucura,
Mas, minha querida, tudo é remissível enquanto dura
e entende, que dizer: Amar assim, não é pecado!
Pecado é amar-te e não te ter, por andar obcecado!

Todos os sonhos que fabriquei alguma vez,
se tinham a tua sombra, na minha pequenez,
eram grandes na dimensão do espaço sideral,
Pelas definhadas considerações do meu parietal.