Boneca

Devagar mas enérgica avança,
ondulando as ancas com beldade,
todo o corpo vibra e balança,
esta boneca parece de verdade.

Cabelos longos, até parecem
roubados às crinas do unicórnio.
Como os seios estremecem,
fazem ofegar até o demónio.

Vista de perto percebemos logo,
que de boneca só tem a graça.
Meu Deus! Tanto Te rogo...
detém-na quieta, que me desgraça.

Faz-me brilhar os olhos sorrindo,
os lábios rubros malícia,
abrasam como que ávidos se abrindo.
E eu a olho, aparvalhado da vícia.

Deixa-me uma sensação de anulado,
quer de prazer, quer de pensar,
embriaga-me o cérebro já toldado.
Nada paga esta visão, visão sem par.

Quero mais, muito mais destas visões,
por isso, vou de joelhos me prostrar,
ou fico aqui fazendo dias e serões,
na esperança de que volte a passar.

Com tanto arrojo me dirigi a ela.
Com voz rouca da emoção disse audaz:
...flor dos meus olhos, tu és tão bela.
Mas sem me olhar, deixou-me pra traz.

Como é amargo sentir desprezo,
tanta arrogância nada combina.
Por tal, eu hoje tanto me avezo,
beleza assim, é perigo em ti, menina.