Já me corre nas veias

Soltam-se-me as palavras em aflição,
neste crer que é delírio e ventura
E cada brado com o ardor da intenção,
se solta mais abafado e em amargura.

Hão-de compreender sonhos e quimeras!
Rogo a quem me escuta, que me perdoe,
que eu já só me detenho nestas esperas,
nem vivo, até que este meu sonho voe.

Consagrei-me aos suspiros e lamento,
porque está longe o ente amado,
ante esta aflição de ser ou não ideia ao vento

Me quero antes amargo e malfadado.
Reunir-me até das mais perversas ideias,
mas sem este amor, não! Já me corre nas veias!