Dedico este livro
aos meus filhos: Pedro, Olga e Vítor
 e às minhas netas: Sofia e Mónica

Desta vez estou contigo,
vestido de poesia
e neste encontro de amigo,
quero ser toda a alegria.

Que seja bonito o instante,
deste encontro, que afinal,
terás de mim como amante,
do romantismo natural.

Vou ampliar o sentimento,
de voz trémula de emoção,
quando chegar o momento ,
vou abrir o coração.

Passo então cada pedacinho,
com sentimento de alegria,
com o meu habitual carinho,
mas vestido de poesia.

Queres saber o porquê,
deste meu jeito original?
Porque me encanto! Toma lê.
Faz com ele um recital.

O livro

Abri aquele livro descorado pela idade,
em que te encerrei, quimera de desalento
e nessa pequenez fiz o meu destino lento,
Fiz-me cativo de loucuras de intimidade.

Soprei da capa, tanta nostalgia,
soprei cada promessa, que voou com o bafejo,
havia lá tantos sonhos lavrados na euforia,
com perfume dos carinhos...e tanto beijo.

Fiquei-me a ver cada página, de olhar humedecido
e lia nelas, de olhos cerrados, tudo o que me prometeste,
quando dei por mim, pensava no que não foi cumprido.

Hoje, não sou mais o jovem puro que conheceste,
nem o meu corpo ainda goza daquela exaltação.
Preciso queimar este livro, é de capa de solidão.

Eu acredito

Deitado na relva perto da ribeira,
cerro os olhos e dou asas à utopia.
Sinto nas águas uma esteira,
entre o sonho e a fantasia.

A tua face brilhando estou vendo,
entretanto, com a luxúria da margem,
sinto o fresco me percorrendo,
pelo sorriso que observo na miragem.

És tu, pensando em mim que me acodes,
num fogo, a dizer-me do teu bem-querer,
talvez pensando em tudo o que podes,
comigo e em mim também fazer.

Só peço aos Deuses, algures,
que olhem pra nós com engrandecimento.
Imagino que p’los teus lábios jures,
fidelidade e amor, de mim tens o juramento.

De olhos fechados continuo a sonhar,
apenas deixando a brisa acariciar-me,
parece que me sussurra, em beijos sem par:
amo-te, meu “……”, vem amar-me.

Mas, o vento parou junto às águas,
para suavemente ao meu ouvido gemer:
Como lamento meu amigo, as tuas mágoas.
Nem tu nem ela, merecem assim sofrer.

Levantei-me e junto ao rio lavei o rosto,
o frio da água entrando em mim deixou revelado:
Amigo, espera melhores dias, o fogo está posto.
Eu acredito em ti, Rio Sagrado.

Acaricia-me

Acaricia-me,
como a borboleta que beija a flor,
ou a lua que enfeitiça as noites,
remexe neste modo de sentir a dor,
se um beijo não chegar, dá-me uns açoites,

Acaricia-me,
com gestos audazes desses dedos
E na plenitude dos meus segredos,
rouba das noites os meus medos,
que concebem cerrados arvoredos.

Acaricia-me,
minha amiga, meu guru protector,
compreende os meus tormentos,
perdoando meus erros de amor.
crendo nos meus sentimentos.

Acaricia-me,
como se foras uma brisa solta,
arrancando-me deste casulo.
Sana esta minha revolta,
estes temores, em que me emulo.

Acaricia-me,
faz com que me sinta protegido,
nas madrugadas solitárias,
em que sinto o teu carpido,
que tal como o meu, nos gera párias.

Acaricia-me,
esta alma sofredora e inquieta,
em sublimação dos momentos,
quando a revolta retorna secreta,
assediando-me os pensamentos.

Acaricia-me!

Será amnésia?

Hoje queria te escrever algo de delicado,
mas nem sei a razão, de nada me ocorrer,
como arrancar desta mente de alienado,
alguma ideia que luzindo, me faça entender.

Comigo me revolto mesmo sem querer,
parece que tenho minha mente vazia,
nem sei como começar o que tenho a dizer,
mora em mim uma ideia, que tanto queria.

Mas para assim me compreenderes,
quero que saibas de que serei capaz,
com palavras minhas para entenderes,
e eu tenha enfim, um pouco de paz.

Mas hoje, que se passa? Não consigo contar!
Não me aflora nenhuma palavra bonita.
Contudo, mesmo assim terei que tentar,
palavra que eu bem o tento, acredita.

Ainda assim, com o meu modesto vocábulo,
vou fazer um esforço e ir mais além,
para te dizer que o lápis com que lavro,
será sempre a minha arma do bem.

Pois rabisco o que escrevo para te dar,
uma noticia repleta de sentido da verdade,
nem sei bem porque teimo em te contar,
mas sei que tenho essa necessidade.

Talvez porque sinta que nisto perco o pio,
ou não conseguindo mais abafar, o proclamo.
Já chega de tanto rodeio e desvio,
não posso demorar mais a te dizer: TE AMO!

Tu partiste…

Tu partiste, eu deixei,
por não ter outra opção,
os abraços que não dei,
guardei-os no coração.

Tu partiste, eu fiquei ,
sem saber o que falar,
mais uma vez me calei,
no esforço de não chorar.

Tu partiste, eu pensei,
do sonho que não escolhi,
das alturas despenhei,
sabendo que te perdi.

Tu partiste, eu bem sei,
o quanto por mim eras querida,
mas nunca foste minha, avaliei,
como então ter-te perdida.

Tu partiste, aceitei,
meu romantismo excessivo,
no mundo que inventei,
fiz de ti o meu motivo.

Tu partiste, revisei,
o meu amor voluntário,
outra página virei,
tentando mudar o cenário.

Tu partiste, eu deixei,
nada mais podia fazer,
mas ainda bem, pois eu sei,
doutra vida, outro querer.

Tu partiste, agora sei,
foi o melhor que fizeste.
como princesa te tratei
e tu, que me deste?

Tu partiste, ainda bem,
já nem vale a pena voltares,
já encontrei outro alguém,
logo após tu me deixares.

Tu partiste, nem sabes o que custou,
mas hoje agradeço o gesto,
não voltes que eu não vou.
Pensa que eu não presto.

Tu partiste, sou livre agora,
os filhos ainda nos prendem,
por toda a vida fora,
mas descansa que eles entendem.

Tu partiste, ainda bem!